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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Lacônico

Amores Urgentes do Bruno Medina. Os Amores Difíceis do Italo Calvino. Amores Imperfeitos do Samuel Rosa e Chico Amaral. São, de fato, as flores da estação.

ERRÂNCIA. Apesar de que todo amor é vivido como único e que o sujeito rejeite a idéia de repeti-lo mais tarde em outro lugar, às vezes ele surpreende em si mesmo uma espécie de difusão do desejo amoroso; ele compreende então que está destinado a errar até a morte, de amor em amor. Roland Barthes

Acho que o ‘errar amoroso’ só se constitui quando é vinculado ao arrependimento.

Outra idéia contemporânea de tentativa e erro nos relacionamentos é o Lacuna Inc. O Dr. Howard Mierzwiak mostrou a vulnerabilidade e quão efêmero pode ser o estar com alguém. Basta apagar da memória literalmente e seguir adiante. Nada se aprende, nada se constrói. Já Joel Barish e Clementine Kruczynski consideraram o fato de errarem novamente. Juntos.

“O amor é incomunicável. Fique quieto no seu canto. Não ame.” Carlos Drummond de Andrade

Memorabília. A Rita levou meu sorriso no sorriso dela. Meu assunto, levou junto com ela o que me é de direito. Arrancou-me do peito e tem mais: Levou seu retrato, seu trapo, seu prato, que papel! Uma imagem de São Francisco e um bom disco de Noel. A Rita matou nosso amor de vingança nem herança deixou, não levou um tostão porque não tinha não, mas causou perdas e danos. Levou os meus planos, meus pobres enganos os meus vinte anos, o meu coração e além de tudo me deixou mudo o violão. Bom, disso eu discordo. Sempre é preciso uma facada bem dada para sangrar nos dedos e no pinho. Enfim, porque a Rita levou logo o disco do Noel e a imagem do São Francisco? Tem alguma coisa errada nessa história. Eu acho que ela levou justamente para apagar o Chico da memória na Lacuna Inc. Gostaria de ver a Rita cantando a versão dela numa espécie de “O Chico”.

Minha primeira paixão foi pela Sabrina Parlatore, cheguei a disputar platonicamente a Avril Lavigne com um amigo de sala na época em que nada era complicated.

“menina branca de neve, me leve no esquecimento.” Ferreira Gular

“Eu não consigo apagar você da minha vida. Onde você estiver não se esqueça de mim.” Roberto e Erasmo Carlos

Que seja eterno enquanto dure, né? Saravá!


2 comentários:

Sil disse...

E tem a Hilda, pra doer (e respirar):

"De luas, desatino e aguaceiro
Todas as noites que não foram tuas.
Amigos e meninos de ternura

Intocado meu rosto-pensamento
Intocado meu corpo e tão mais triste
Sempre à procura do teu corpo-exato.

Livra-me de ti. Que eu reconstrua
Meus pequenos amores. A ciência
De me deixar amar
Sem amargura. E que me dêem

A enorme incoerência
De desamar, amando. E te lembrando

- Fazedor de desgosto -
Que eu te esqueça".

(Hilda Hilst: Júbilo, memória e noviciado da paixão)

***

P.S: Porra. Né?

the build up disse...

dizia um amigo meu que "nos instantes de melancolia,.". nunca entendi o que ele quis dizer com o ponto, mas acho que melancolia é um ponto diferente, os três em seqüência, que determinam continuidade e uma não-finitude. acho que ele queria ir contra a idéia de que a melancolia não tem fim ("felicidade sim"), e que parar de pensar (ou sofrer, ou chorar, ou sonhar) é o ponto. mas aí seria também deixar de amar.

*adoro "Saravá"!

Thiago